Vamos nos envolver mais?, por Nícola Martins

Antes de tudo, é necessário pararmos de demonizar a Política, porque ela está no nosso dia a dia. A Política é a vivência diária das escolhas que fazemos. Fazemos política em casa, no supermercado, em nossos trabalhos e espaços educacionais. Fazemos política em associações a que pertencemos e também com nossos colegas. Fazer política é da natureza do ser humano. Ninguém é obrigado a se filiar a um partido, mas todos participam da Política e têm o direito de se filiar assegurado.

Existe gente boa e gente má nos 35 partidos políticos existentes, hoje, no Brasil. A ética e o caráter não podem ser determinados a partir de uma escolha político-partidária. Caráter não muda. Ou se tem, ou não se tem. O caráter do ser humano é que evidencia sua condição e atuação nas diversas esferas. Compreender que o caráter de um ser humano é uma coisa e sua ideologia é outra é o cerne do debate.

Muitas vezes já vi grandes lideranças em associações e instituições não-governamentais serem convidadas para serem candidatos a algum mandato civil, como vereador ou vice-prefeito, por exemplo. Isso é natural, por terem demonstrado liderança. No entanto, muitas dessas lideranças não aceitam por medo. Têm vontade, mas têm medo. Medo do que “podem comentar”, medo de “acharem que usou a instituição”. Por que? Porque temos, em nossa sociedade, muitos sem caráter que assim procederam. Mas, demonizar a Política não é o caminho para impedir que isso se repita. Como já disse, caráter não muda. Ou se tem, ou não se tem.

Essas lideranças nascem das comunidades, das associações, das instituições. São lideranças reconhecidas por seu trabalho, por sua dedicação a uma causa. De qualquer forma, passarão pelo crivo de toda uma sociedade, seja ela municipal ou estadual no dia da eleição geral. Se você não acredita nas propostas, simplesmente não vota, ou também se coloca à disposição da sociedade. No entanto, é necessário que o envolvimento dos bons aconteça.

Demonizar alguém por conta do ingresso na Política ou demonizar a Política por conta do ingresso de uma liderança antes não envolvida é demonizar as próprias instituições. Em uma associação de moradores, há possibilidade de qualquer morador participar ativamente e se fazer representar por um presidente ou até mesmo ser o presidente. Em edifícios, todos juntos escolhem um síndico, por exemplo. Se queremos nos fazer representar por cidadãos éticos e responsáveis junto às nossas instituições políticas, também devemos incentivar essa participação.

O envolvimento de pessoas de bem faz com que os maus sejam expurgados. Nesse sentido, se confiamos em alguém para nos representar em um grupo, devemos incentivar a participação em outras esferas também, quando há esse interesse. A confiança é a base de tudo. Vamos nos envolver mais.

Nícola Martins é formado em jornalismo e administração pública, com especialização em jornalismo político e gestão pública municipal. É mestrando em desenvolvimento socioeconômico, na UNESC, em Criciúma e assessor técnico parlamentar na Câmara dos Deputados, além de apresentador do programa de notícias políticas semanal “Direto ao Ponto”, da TV Engeplus. Você pode acompanhar mais do trabalho do Nícola Martins no seu site pessoal.