Milano non si ferma: os perigos de um líder que só se preocupa com eleições

March 27, 2020

O Governo Federal anunciou uma grande campanha publicitária chamada #BrasilNãoPodeParar com o objetivo de colocar a opinião pública contra as medidas de isolamento social.

Não sou um terraplanista econômico, fui a favor da Reforma Trabalhista, a favor do Teto de Gastos, a favor das privatizações de estatais e defendi a Reforma de Previdência como pensada por Paulo Guedes, não como estraçalhada pelos interesses corporativos do sindicalismo militar.

Dito isso, estamos em guerra. E esta guerra irá nos impor inimagináveis custos sociais e econômicos nos próximos anos.

A Europa fechou pra balanço. O Federal Reserve projeta os EUA, maior nação livre do mundo, com 30% de desempregados onde ontem ostentava-se pleno emprego. O Brasil do fundão eleitoral, da aristocracia do serviço público, dos 14 milhões de desempregados, um dos mercados mais fechados e difíceis de empreender no mundo se salvará dessa? Gargalharia se o momento não fosse impróprio.

O Presidente da República sabe de tudo isso, a menos que os ministros estejam governando o país sem informá-lo.

O Governo Federal tem tomado medidas como isenção de impostos, imposto de renda negativo, flexibilização das metas fiscais e ampliação de leitos de hospital quase que desesperadamente para preparar o Brasil para uma crise duríssima. Portanto, a análise não é econômica, é de discurso. Bolsonaro já foi informado do que o espera. Seus ministros já arrumaram o cenário para o que lhe esperam. Então para que raios ele quer que as pessoas voltem a trabalhar justamente na semana que é VITAL para adiar o colapso do sistemas público e privado de saúde em abril?

A resposta é triste: para se proteger de uma oposição irresponsável que o acusará de uma crise econômica global (como fizeram com FHC), Bolsonaro decidiu ele mesmo ser o irresponsável dessa história. Justamente no momento que precisamos de alguém como Churchill, que venceu a guerra contra o nazismo no mesmo ano que perdeu as eleições parlamentares.

Ou seja: de LÍDERES que tomem decisões difíceis que lhe custem o mandato, mas não a vida das pessoas.

O imagem que simboliza esse texto é explicativa: “Milão não para!”. A cidade italiana não apenas parou, como voltou a se isolar e hoje vive em quarentena, quando um simples corrida pra esticar as canelas é multada.

Os custos disso? Fora as vovós que morreram, e isso é problemas delas, segundo esse líder solidário chamado Roberto Justus, e o avanço da letalidade para as outras zonas etárias com a completa lotação do sistema de saúde, terminamos, finalmente, em um lockdown muito maior e mais forte do que o antes previsto.

Apostaram a vida imediata das pessoas para salvar a economia. Estão morrendo as pessoas e a economia. Juntas.