Apelo às mães de meninos

April 22, 2020

Se você é mulher e luta por direitos iguais entre homens e mulheres, VOCÊ PRECISA SE JUNTAR A NÓS NESSA BATALHA!

Meu nome é Amália, e há pouco tempo me tornei mãe! É incrível como, ao ganhar um bebê, o mundo todo muda ao seu redor. Sua maneira de ver as coisas se altera, e você acaba tendo uma sensibilidade que antes não era tão aflorada!

“Meu filho foi tirado de mim a força, chorando e me pedindo ajuda! Eu não pude fazer nada, pois ajudá-lo faria com que ele fosse condenado a prisão!” Imagina o meu sentimento ao ouvir o relato dessa mãe, que com os olhos marejados, me procurou para ajudá-la a divulgar uma informação para que outras mães não passem pelo que ela está passando!

Como defensora da liberdade que sou, não me restou outra alternativa a não ser dizer a essa mãe que ela pode contar comigo!

Por isso resolvi escrever esse texto, e pedir a você que também se junte a nós!

A luta das mulheres pela igualdade de direitos é antiga e mais do que justa! Ao longo do tempo conquistamos tantas vitórias que hoje seria inimaginável, por exemplo, dizer as mulheres que elas não podem votar, ou concorrer nas eleições. Direitos iguais!

Mas temos na constituição uma cláusula que coloca os homens em situação de injustiça também, e que poucas vezes se fala: alistamento militar OBRIGATÓRIO!

Todo brasileiro sabe que no ano em que se completam 18 anos, todos os homens são obrigados a se apresentarem na Marinha, Exército ou Aeronáutica, para “cumprirem seu dever” com a Pátria. Acho louvável quem decide servir a Pátria para nos defender, mas entendo que o Governo não tem legitimidade, e não deveria ter força, para OBRIGAR alguém que não quer, a participar do serviço militar!

Num país como o Brasil, que não vive em guerra, nem tem perspectivas de participar de guerras, a realidade é que a maior parte dos meninos que escolhem prestar serviço militar é composta por adolescentes de baixa renda, que enxergam essa alternativa como uma boa oportunidade de melhorar de vida! E não tem nada errado nisso! Você pode escolher servir a Pátria pelo motivo que for, desde que essa seja uma escolha sua!

O que aconteceu com o filho daquela mãe que citei no começo de texto, deveria ser visto como criminoso pelos brasileiros! O menino não queria servir! Ele havia passado no vestibular e estava começando a cursar a faculdade de Engenharia. O sonho vai ter que esperar mais um ano!

Esse é um caso. Não importa o motivo: se passou no vestibular, ou se trabalha, ou se não faz nada da vida: se a pessoa não quer servir ela não deveria ser obrigada a fazer isso!

Para nós mulheres, muitas vezes não nos damos conta dessa injustiça com homens… até que nos tornamos mães de menino, ou até que nosso irmão vai fazer 18 anos! Eu sei mulheres, que tem um monte de coisa que você olha e pensa: “que absurdo isso! Tínhamos que ter o mesmo direito que os homens!” Por isso agora te convido a fazer esse exercício de empatia, e pensar como os homens se sentem nesse caso!

Se você acha justo que homens e mulheres tenham a mesma remuneração quando ocupam o mesmo cargo; se você acha justo que homens e mulheres sejam livres para escolher como querem viver, você vai concordar que homens e mulheres precisam ter os mesmos direitos nesse caso!

JUNTOS PELO FIM DO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO!

Ok! Dito isso, eis o que me solicitou a mãe aflita que me procurou! Você sabia que existem alguns casos em que a lei permite que o jovem seja dispensado do serviço militar?
Essa informação é pouco divulgada, mas pode ajudar outras mães e adolescentes que não querem servir.

Além dos casos mais conhecidos para dispensa (como “arrimo de família”, que constam da lei 4375/1964), um outra lei, a 8239/1991 prevê “atribuir Serviço Alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, para se eximir de atividades de caráter essencialmente militar”.

E era nesse ponto que eu queria chegar! O movimento LIVRES (do qual faço parte), foi vitorioso em 2019 ao conseguir que um jovem no Mato Grosso fosse dispensado por imperativo de consciência decorrente de convicção filosófica ou política!

Esse serviço alternativo previsto em lei, na prática não é aplicado, e o jovem acaba sendo dispensado.

Essa prática é bem comum quando se apela à questão religiosa, mas foi a primeira vez (em 2019) que a questão da consciência filosófica ou política foi levada em consideração!

Portanto, se você ainda vai se alistar, mas não quer servir às forças armadas; se você também acredita na liberdade individual, e que cada cidadão deveria ser livre para escolher servir às forças armadas ou não, nos procure que iremos te ajudar!

Mais do que defender a nossa própria liberdade temos amor em defender a liberdade alheia! Pois se um de nós tiver a liberdade tolhida, TODOS NÓS estamos ameaçados!