A política invade a escola

June 14, 2021

A proibição do gênero neutro tem sido pauta de discussão em diversas Câmaras Municipais pelo Brasil. O mais interessante foi que, em muitos municípios, foi o primeiro projeto apresentado pelo vereador assim que assumiu sua cadeira.

Do ponto de vista linguístico e gramatical, a neutralidade de gênero, é uma vertente recente das demandas por maior igualdade entre homens, mulheres e não-binários, e assuntos como este tem vindo à tona, após o STF considerar inconstitucional o projeto Escola Sem Partido.

Os postulantes que propõem a PL dizem que, a mesma, tem como finalidade preservar e conservar o português correto nas escolas e instituições. A “pauta de costumes” emergiu nos últimos anos e contribui, ainda mais para a polarização política. A educação no Brasil tem problemas que fogem a todas estas lutas ideológicas, e é subestimada quando o debate é desviado por interesses meramente políticos.

Em meio a pandemia, escolas fechadas, aulas online, e 4,3 milhões de alunos sem acesso a internet, temos um quadro desolador não só para educação, mas também, para o futuro profissional dos jovens do nosso pais.

Quando uma pauta “protecionista” como esta de gênero neutro é discutida em plenário, consumindo tempo e dinheiro do contribuinte, expomos o oportunismo dentro da política em abordar e propor temas, sem impacto imediato na educação, mas com viés autoritário que desrespeita as liberdades individuais.

A falta de prioridades na educação, em termos de recursos e mudanças efetivas nos municípios, só reforça a necessidade deste debate sair do campo ideológico e avançar para análises técnicas, para que um plano de ação realmente seja estabelecido. O mundo pós-pandemia apresenta vários desafios, e no Brasil, além do impacto econômico e social, a educação será um fator determinante para o futuro da nação.