A agenda corporativista de Boulos e Erundina

November 28, 2020

O programa de governo proposto por Boulos e Erundina contém 50 tons de corporativismo e coloca a burocracia e os grupos de pressão à frente da população paulistana. O programa é reducionista ao trazer propostas para os serviços públicos de cunho meramente quantitativo, como o aumento do número de servidores e o aumento dos gastos no setor.

Os candidatos trazem o aumento de ISS e IPTU como ferramenta a ser utilizada para pagar as propostas, muito embora não indiquem  sobre quanto esse aumento de gastos pode pesar para o orçamento da prefeitura ou quanto ele pode pesar para os cidadãos em termos de aumento de impostos. 

Boulos e Erundina focam na crítica pela crítica, atacando as reformas da previdência realizadas nos últimos anos e propondo a revogação das mesmas, sem dizer, novamente, quanto isso custaria para a prefeitura e para os cidadãos paulistanos. 

Em meio a tantas propostas de baixa qualidade ou vagas, destacam-se duas:

  1. O programa de Boulos e Erundina propõe que os servidores públicos sejam avaliados pelo critério único de tempo de serviço; 
  2. O programa de Boulos e Erundina propõe “fortalecer” a previdência municipal por meio da contratação de servidores. 

A primeira proposta vai contra toda a literatura referente à administração pública, em especial às mais modernas técnicas de gestão por resultados. O servidor, como qualquer profissional, deve ser avaliado, especialmente por aqueles que recebem seus serviços (cidadãos). Igualar a todos, remunerando pelo critério único de tempo de serviço prejudica não só a qualidade do serviço, como também os bons servidores, que serão nivelados por baixo e não terão incentivos para bater metas de qualidade. 

A segunda proposta é tão absurda que fez o candidato ter de se explicar nas redes sociais recentemente. Tal proposta iguala a previdência municipal a um esquema de pirâmide típico dos mais pérfidos golpes. Como o Brasil adota o sistema solidário de previdência, colocar mais pessoas dentro de um sistema falido (a previdência municipal) salva os que estão nela hoje, mas empurra o problema para a frente, de modo a deixar desamparados os aposentados do futuro. Seria uma tragédia não só do ponto de vista fiscal, mas também humanitária e social, uma vez que a Prefeitura deixaria seus servidores desamparados justamente na hora de maior necessidade.

O programa de Boulos e Erundina traz propostas custosas que põem em risco as contas públicas e que são de difícil cumprimento. Além disso, são propostas que, caso cumpridas, beneficiariam apenas poucos grupos corporativistas em detrimento dos bons servidores públicos e da população paulistana. Assim,  os candidatos não se demonstram como uma boa alternativa à atual gestão da Prefeitura de São Paulo.