Toffoli está meio certo

December 16, 2019

Justiça

Em recente entrevista ao Estado, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, constatou que a Operação Lava-Jato “foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha. Nos Estados Unidos tem empresário com prisão perpétua, porque lá é possível, mas a empresa dele sobreviveu”.

Toffoli não especifica quais empresas foram destruídas pela Lava-Jato. Seria difícil. Como disse o procurador Roberson Pozzobon, integrante da Lava-Jato, a operação “descobriu graves ilícitos praticados por empresas e as responsabilizou, nos termos da lei. A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a Lava-Jato não fez”.

Empresas não são destruídas por operações anti-corrupção, mas pela própria corrupção. O Brasil se rendeu a uma organização criminosa de empreiteiras, com direito a presidente comprado, partidos e outras organizações. Nisso, de fato, Toffoli está meio certo: essa situação não é fácil de ser imaginada nos Estados Unidos ou na Alemanha.

Claro que a operação Lava Jato não é perfeita. Gigantesca e feita por humanos, é natural que tenha falhas. Entre elas, definitivamente não está conseguir a punição de empresas comprovadamente criminosas.

Para que o mercado e a sociedade funcionem adequadamente, as regras do jogo precisam ser claras, estáveis e cumpridas. Não seremos um país próspero e justo enquanto ser amigo de governantes seja mais relevante para o sucesso de um negócio do que atender bem aos clientes.