“O resultado dessa mesquinhez não pode ser impunidade”, diz Karla Falcão sobre caso Miguel Otávio

June 4, 2020

Direitos Humanos

Miguel Otávio, 5 anos, morreu hoje em Recife, Pernambuco, após cair do 9º andar de um prédio.

A causa da morte foi trágica e fruto da negligência. Sua mãe, Mirtes, empregada doméstica, em decorrência da pandemia de Covid-19, teve de levar seu filho à casa em que trabalha, dado o fato de que as creches estão fechadas. A patroa de Mirtes pediu que fosse passear com o cachorro da família, e deixou Miguel no apartamento. O filho seguiu a mãe, mas foi impedido por sua empregadora – após algumas outras várias tentativas do menino de descer, a mulher (que teve identidade protegida pela Polícia Civil), se irrita e o deixa seguir para o elevador, até apertando uns andares acima.

O menino sobe até o 9º andar e, procurando pela mãe, se inclina sobre um parapeito, que não sustenta seu peso e se rompe, fazendo com que o menino fosse lançado de uma altura de 35 metros. A moradora, que era empregadora da mãe do garoto, foi autuada em flagrante pelo crime de homicídio culposo (sem intenção). Como previsto em lei, pagou fiança – determinada pelo delegado em R$ 20 mil – e foi liberada para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. As gravações do circuito interno do prédio foram usadas como provas principais de negligência por parte da moradora.

No entanto, qualquer relação entre a moradora e a queda da criança foi descartada pela Polícia. “Uma criança perdeu a vida por negligência de alguém que preferiu fazer as unhas a cuidar do filho da pessoa que trabalha pelo seu bem estar. É revoltante, desolador. O resultado dessa mesquinhez não pode ser impunidade”, diz a Líder Livres, Karla Falcão. “Miguel foi impedido de crescer e continuar dando orgulho a sua mãe. A tristeza só dá lugar à indignação”.