Deborah Bizarria analisa divergências entre percepção popular e dados econômicos no Café da Manhã da Folha

April 2, 2024

O mais recente levantamento do Datafolha, que revelou uma queda na aprovação do governo Lula (PT), também apontou para um aumento no sentimento negativo dos brasileiros em relação à situação econômica. De acordo com os dados, mais pessoas acreditam que a economia se deteriorou nos últimos meses, e há uma crescente parcela da população que prevê um aumento na inflação e no desemprego.

Deborah Bizarria, colunista da Folha de S. Paulo e coordenadora de Políticas Públicas do Livres, analisou a situação. Para ela, as divergências entre a percepção popular e os dados econômicos podem ter diversas origens. No podcast, Bizarria destacou: “Eu também tô no processo de tentar entender, sendo muito sincera, não é uma coisa só do Brasil, nos Estados Unidos também o debate está bem acalorado. Os números de desemprego, da economia e da inflação tem apresentado melhora também como no Brasil, mas as pessoas parece que não estão muito satisfeitas.”

Bizarria, que é especialista em economia comportamental, ressaltou que é necessário considerar como os aspectos emocionais influenciam na percepção econômica das pessoas: “A gente tem algumas possibilidades e em economia comportamental, é comum vermos quando vamos estudar como as pessoas pensam, emoções, sobre a vida delas, porque economia no final das contas é sobre sua própria vida, mais sobre a sua própria vida, poder de compra, muitas vezes acontece de um fato da vida da pessoa. Sobre desemprego, se o poder de compra vai estar bom ou não.”

Segundo Bizarria, é importante questionar se os instrumentos utilizados para avaliar variáveis econômicas estão realmente refletindo as necessidades e comportamentos das pessoas: “A hipótese principal é que talvez os instrumentos que a gente usa para avaliar variáveis econômicas não estejam dando conta de explicar, vamos dizer assim: não estou dando conta de detectar aquilo que as pessoas realmente precisam e fazem.”

No contexto brasileiro, a especialista destaca a questão do emprego como um fator crucial na percepção econômica: “Uma possibilidade é a questão do desemprego, é que o número olha para: quantas pessoas estão procurando emprego hoje versus quantas estão empregadas, então é possível que as pessoas estejam empregadas, mas não com o emprego que elas gostariam ou que elas estão capacitadas para ter. Isso seria um outro efeito de bem-estar e de perspectiva econômica.”

Diante dessa análise, as divergências entre a percepção popular e os indicadores econômicos levantam questões importantes sobre como entender e interpretar a realidade econômica do país. Mais detalhes da entrevista estão no podcast “Café da Manhã” da Folha de São Paulo desta terça-feira.