“A retomada será extremamente desigual”, diz Ricardo Paes de Barros em live do Livres

Em live realizada pelo Livres nesta segunda-feira, 18/05, o economista Ricardo Paes de Barros, um dos mais proeminentes idealizadores do programa Bolsa Família, em que discutimos Renda Básica e Assistência Social, comentou que a retomada da crise será muito dolorida.

“A retomada será extremamente desigual. Algumas pessoas vão conseguir recuperar o seu emprego muito rapidamente, outras vão demorar muito mais. Algumas vão ter sofrido pouco, mas vão demorar muito para retomar seu trabalho. Outras vão ter sofrido muito, mas vão retomar rápido. Nós teremos um trabalho muito grande de triagem, de identificação, de chegar junto na população mais pobre e, pra isso, vamos precisar de uma articulação muito forte entre governos federais, estaduais, municipais e sociedade civil, para saber quem, de fato, vai precisar de ajuda. Em particular, os pequenos empreendimentos vão precisar de muito apoio para se recuperar, seja apoiando-os em sua gestão financeira, seja apoiando-os na adequação das novas realidades da saúde pública, seja ajudando-os em termos de assistência técnica e crédito. Ou seja, a retomada da crise será um momento em que nós precisaremos ter frentes de trabalho funcionando e um grande sistema de apoio ao pequenos empreendedores, de tal maneira que eles possam recuperar seus negócios.”

Paes de Barros ainda complementou que o maior problema da distribuição e transferência de renda, em especial durante a crise do coronavírus com o auxílio emergencial, se dá pela falta de informação fornecida ao Governo:

“Nós precisamos de informação: quem são os brasileiros mais pobres? O fato de os nossos cadastros serem incompletos, e com várias pessoas fora deles, é um problema de informação extremamente grave. Na medida em que nós construirmos um cadastro e deixarmos de ter brasileiros invisíveis, nós poderemos ter uma política de transferência de renda muito mais eficiente e eficaz, no sentido de cobrir todos aqueles que precisam.”