Quem foi Karl Popper
Sir Karl Raimund Popper (1902-1994) foi um dos filósofos mais influentes do século XX, conhecido principalmente por suas contribuições à filosofia da ciência e à defesa da liberdade política.
Nascido em Viena, na Áustria, Popper cresceu em meio ao ambiente cultural efervescente do início do século XX. Em 1937, fugindo da ascensão do nazismo na Europa, mudou-se para a Nova Zelândia e, posteriormente, para a Inglaterra, onde se tornou professor na London School of Economics (LSE).
Popper faleceu em 17 de setembro de 1994, aos 92 anos, deixando um legado intelectual que continua atual e necessário, especialmente em tempos de polarização política e ameaça às instituições democráticas.
Além de seu trabalho acadêmico, Popper foi um dos fundadores da Sociedade Mont Pèlerin, ao lado de nomes como Friedrich Hayek, Ludwig von Mises, George Stigler e Milton Friedman.
Essa organização internacional foi criada para defender a liberdade de expressão, o livre mercado e os valores de uma sociedade aberta, combatendo as ideologias autoritárias que marcaram o século XX.
Karl Popper e sua luta contra o autoritarismo
Popper foi um fervoroso opositor de regimes totalitários. Sua vida e obra foram marcadas pelo combate intelectual às filosofias políticas que sustentavam ideologias como o nazismo e o comunismo.
Ele acreditava que a liberdade individual só poderia florescer em uma sociedade aberta, na qual os cidadãos têm direito à crítica, ao debate e à participação ativa no processo democrático.
“Aqueles que nos prometem o paraíso na Terra nunca produziram nada além de um inferno.”
— Karl Popper
Embora não fosse um libertário radical — defendia, por exemplo, programas básicos de segurança social —, Popper rejeitava qualquer forma de centralização excessiva do poder e acreditava em uma “engenharia social fragmentada”, ou seja, mudanças graduais e testadas, em oposição a revoluções abruptas que tendem a resultar em tiranias.
O princípio da falsificação: ciência e liberdade
Uma das contribuições mais revolucionárias de Karl Popper foi sua teoria do falsificacionismo, um marco na filosofia da ciência. Segundo Popper, uma teoria só pode ser considerada científica se for passível de ser refutada por evidências empíricas.
Isso significa que não basta acumular provas a favor de uma teoria; é preciso que ela possa ser testada e, potencialmente, refutada. Esse princípio tem implicações diretas não apenas na ciência, mas também na política e na liberdade de expressão.
Em uma sociedade aberta, nenhuma ideia deve ser considerada definitiva ou inquestionável — todas precisam estar abertas à crítica e ao debate público. Assim, Popper conecta o método científico à construção de sistemas políticos mais livres e democráticos.
“Uma teoria que explica tudo, não explica nada.”
— Karl Popper
A Sociedade Aberta e Seus Inimigos: a obra essencial de Popper
Em 1945, Popper publicou sua obra mais conhecida: A Sociedade Aberta e Seus Inimigos.
Escrito durante a Segunda Guerra Mundial, o livro é uma defesa apaixonada da democracia liberal e uma crítica contundente aos pensadores que, segundo ele, forneceram bases filosóficas para regimes autoritários.
Popper critica três grandes figuras:
- Platão, por seu modelo de sociedade ideal rígida, que pode justificar governos totalitários.
- Hegel, por seu historicismo e glorificação do Estado.
- Karl Marx, por sua teoria de luta de classes e visão determinista da história.
O filósofo argumenta contra o historicismo, a ideia de que a história segue leis inevitáveis que predeterminam o futuro.
Para Popper, essa crença é perigosa porque serve de justificativa para governos que alegam conhecer o “destino histórico” e, assim, impõem sua vontade de forma autoritária.
“Nós não escolhemos a liberdade política porque ela nos promete isto ou aquilo. Nós a escolhemos porque é a única forma digna de convivência humana.”
— Karl Popper, A Sociedade Aberta e Seus Inimigos
Por que Karl Popper continua relevante hoje
O pensamento de Karl Popper é extremamente atual em um mundo marcado por:
- Fake news e desinformação, que desafiam a busca pela verdade.
- Crescente polarização política e tentativas de silenciar opositores.
- Avanços tecnológicos que demandam responsabilidade ética e debate público.
Sua defesa de uma sociedade aberta e do livre debate intelectual serve como guia para proteger as instituições democráticas e promover a liberdade individual.
Ao aplicar o princípio da falsificação à política, Popper nos lembra que nenhuma ideologia deve ser tratada como verdade absoluta.
Principais obras de Karl Popper
- A Lógica da Descoberta Científica (1934) – marco na filosofia da ciência.
- A Miséria do Historicismo (1936) – crítica ao determinismo histórico.
- A Sociedade Aberta e Seus Inimigos (1945) – defesa da democracia liberal e crítica aos regimes autoritários.
- Conjecturas e Refutações (1963) – ensaios sobre o método científico e a importância da crítica.
📚 Leitura gratuita:
- A Miséria do Historicismo (em inglês, domínio público)
- Trechos e resumos de A Sociedade Aberta e Seus Inimigos
Frases marcantes de Karl Popper
- “Aqueles que nos prometem o paraíso na Terra nunca produziram nada além de um inferno.”
- “Uma teoria que explica tudo, não explica nada.”
- “Nós não escolhemos a liberdade política porque ela nos promete isto ou aquilo. Nós a escolhemos porque ela torna possível a única forma digna de convivência humana.”
Série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais
Este texto faz parte da série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais, criada pelo Livres.
Nosso objetivo é apresentar, em poucos minutos de leitura, a vida, as ideias e o impacto de grandes pensadores liberais, além de oferecer dicas de livros e conteúdos gratuitos para quem deseja se aprofundar.
A série busca inspirar novas gerações, mostrando como princípios como liberdade, crítica e pluralismo continuam essenciais para enfrentar os desafios contemporâneos.