Sem liberdade econômica, os desafios no Tocantins se mantêm

January 15, 2020

O território que abriga o estado do Tocantins começou a ser ocupado por bandeirantes, fazendeiros e garimpeiros no século XVI. A região foi incorporada ao estado de Goiás. Contudo, sucessivas crises econômicas e sociais deram origem a movimentos separatistas. Houve três ondas, uma no século XIX e outras duas no século XX.

Em 1988, promulgada a nova Constituição, foi criado o estado do Tocantins. Em 1990 foi inaugurada Palmas, a partir de então, capital do estado. Na década de 90, a cidade atraiu migrantes de diferentes estados. Palmas é uma cidade planejada, assim como Brasília, Belo Horizonte e Goiânia.

A agropecuária é a principal atividade econômica, mas o turismo e o setor de serviços tem grande destaque. A maior parte da população se concentra na capital e nas cidades localizadas próximas à Rodovia Belém-Brasília.

Tudo isso foi dito para que você compreenda a atual crise, que pode ser resumida em três pontos. A velha política, os gargalos da infraestrutura e a estagnação econômica.

Velha política

O populismo fez surgir poucos líderes políticos. Os velhos caciques controlam com mão de ferro as candidaturas aos municípios. Entulham a administração pública de cargos comissionados, que depois são persuadidos a trabalhar como cabos eleitorais.

Depois de se eleger governador em 2002, Marcelo Miranda passou por um longo processo de desgaste político, que resultou em sua cassação. O estado passou por dois pleitos eleitorais em pouco tempo, o que acirrou a crise política.

Gargalos estruturais

A infraestrutura do estado é precária. O eixo principal do transporte rodoviário é a BR 153, a Belém-Brasília. Ela trouxe desenvolvimento para a região e fez surgir diversas cidades, contudo ainda não foi duplicada e seu péssimo estado de conservação contribui para inúmeros acidentes. Apesar de ser cortada por dois grandes rios, Tocantins e Araguaia, não existe projeto de hidrovias.

Sem falar das diversas pontes, que são necessárias para o transporte de passageiros e de carga. Emblemático é o caso da ponte em Porto Nacional. Construída em 1979, a ponte nunca passou por manutenções e tem diversas rachaduras. Necessária para escoar uma enorme produção de grãos, não existe recursos nem projeto para substituir a velha ponte. Os caminhões têm que desviar seu trajeto, passando pela ponte de Palmas, que já sofre com o desgaste; ou então amargar três horas na fila da balsa.

Estagnação econômica

Segundo o Índice de Liberdade Econômica Estadual, levantamento aferido pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, que analisa e avalia as condições de se empreender e ter sucesso no mercado e o grau de interferência estatal, o Tocantins ocupa a 23ª posição, com uma média de 6,55 de 10, atrás somente de Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí. A participação do governo na economia é excessiva e com muita regulação, com uma média de interferência estatal de 7,82 de 10.

Concluindo, é urgente a necessidade de mudança. Precisamos de novos atores no processo político, éticos e radicalmente honestos. Com uma gestão pública moderna e eficiente, capaz de responder às inúmeras e crescentes demandas com recursos escassos. Com coragem de ampliar espaços para a iniciativa privada assumir os riscos e lucros dos investimentos da infraestrutura e oferecer melhor os serviços que o governo estadual não pode.