Não é papel do Estado ser dono de empresa

May 3, 2019

Uma das regras de ouro da política brasileira nas duas últimas décadas foi “é proibido falar privatização”. Se você estava mais alinhado com o PSDB, não podia defender o que foi feito com o setor de telecom. Se estava com o PT, mudava-se um pouco o modelo e chamava-se de concessão.

Felizmente, agora podemos tratar o assunto com a atenção necessária. A guinada iniciada no governo Temer e acelerada com Paulo Guedes no Ministério da Economia se junta ao grupo de parlamentares do qual faço parte, que não tem receio de defender o fim das estatais.

Talvez tenha sido até mesmo acelerado pelas escapadas recentes de Bolsonaro, com a interferência na definição do preço do diesel, a retirada da propaganda do BB do ar e a brincadeira sobre o valor dos juros do banco.

No entanto, afastar a interferência política da gestão das estatais é apenas uma das razões pelas quais precisamos defender que não é papel do Estado ser dono de empresas.

As estatais também foram mecanismos centrais em grandes casos de corrupção, reforçando a tese de que, quando o governo é o principal acionista de uma empresa, ela está sujeita aos interesses do governo e não da população.

Quando o problema, ao menos aparente, não é a corrupção, a ineficiência é assustadora. A EPL, criada por Dilma para implementar o projeto do trem bala, consumiu R$ 70 milhões só em 2018, sem nunca ter apresentado resultado prático. A Natex, estatal que fabrica camisinhas no Acre, não consegue vender o produto a um preço que pague seus custos. Os Correios apresentaram prejuízos bilionários ao longo desta década.

Quem paga a conta é sempre o contribuinte, que sofre com os péssimos serviços de segurança, saúde e educação, e ainda é obrigado a cobrir o rombo das estatais, que acontece mesmo em setores onde o Estado é monopolista, como no envio de correspondências e no refino do petróleo.

Para se ter ideia do tamanho da anomalia, basta recorrer à comparação internacional. O Brasil é campeão em número de estatais entre os 39 países que fizeram parte de um estudo realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos). No levantamento feito em 2015, possuíamos 138 estatais federais. A Colômbia possuía 39, a Argentina, 59, Estados Unidos e Reino Unido, 16.

É urgente tirarmos as empresas brasileiras das mãos dos políticos. A solução para a economia brasileira está em criar um ambiente de maior liberdade, em que pequenos, médios e grandes empresários encontrem um ambiente propício para empreender novos negócios, competindo em condições de igualdade para investir em tecnologia e gerar empregos. O fim das empresas estatais é apenas o primeiro passo.