Humildade para legislar, por Guilherme da Cunha

Antes de ser eleito, imaginava que se fosse deputado iria apresentar um monte de projetos de lei para resolver os problemas que via no Estado. Após tomar posse e encarar a política, vi o quanto esse pensamento estava errado. Percebi que posso estar bem informado e cheio de ideias, mas, de dentro de meu gabinete, o mais provável é que conheça apenas uma pequena parte, ou apenas um dos lados, dos problemas que afetam os cidadãos.

Perceber essa realidade logo no começo me fez ter uma postura como legislador bem diferente da que eu imaginava. Primeiro, me fez ser autor de apenas um projeto de lei até o momento, em coautoria com o colega Sávio Souza Cruz. O PL já virou lei e obriga transparência nos critérios de concessão de incentivos fiscais e igualdade de oportunidade para todos os empreendedores mineiros acessarem os benefícios já existentes. As muitas ideias para resolver os problemas de Minas continuam e ainda vão virar realidade, mas, antes, escutarei diretamente os cidadãos que sofrem com esses problemas e dialogarei com meus pares para entender os diferentes pontos de vista.

Com essa proposta, criei a Frente Parlamentar pela Desburocratização, reunindo 41 deputados que estão espalhados por diferentes partidos e por todos os blocos, incluindo o de oposição. A Frente busca escutar os empreendedores para entender quais são os gargalos que atrapalham o crescimento de Minas e, junto com eles, construir as soluções que nos levarão a mais liberdade, mais investimento, emprego e renda. Na semana passada, a Frente pela Desburocratização teve sua primeira reunião com o setor produtivo mineiro. Em visita à Fiemg, fomos apresentados aos principais problemas que atrapalham a indústria. Nesta semana, ouviremos o setor comercial e de o de serviços, na CDL-BH, e, em breve, conversaremos com o setor agro.

Essas reuniões são o começo. Não pretendemos voltar para nossos gabinetes e depois surgir com as soluções prontas. Pelo contrário, ao final de cada reunião, e isso já aconteceu em relação à indústria, formaremos um grupo de trabalho com as equipes dos parlamentares e o setor técnico das entidades, para juntos construirmos as soluções.

Isso é trabalhar sempre com a humildade de reconhecer que quem sofre com os problemas tem muito mais conhecimento sobre eles que nós, e pode contribuir de maneira decisiva para encontrar as melhores soluções. Isso é trabalhar com a humildade de reconhecer que ser legislador não me faz um ser iluminado, mas apenas um representante do povo, a quem preciso sempre escutar.