Corrupção, confusão e confiança

Em uma sociedade aberta ao mercado e com princípios democráticos, a confiança emanada por suas instituições é de suma importância para o funcionamento do todo. A confiança em bons gestores traz investimento estrangeiro, cooperação maior dentro do mercado interno, maior nível de inovação e facilidade para se empreender. E isso tudo apenas falando em economia. Culturalmente falando, uma sociedade que confia em suas instituições é propensa a prosperar em todos os sentidos.

Porém, o inverso também é verdadeiro. A falta de confiança atrapalha a economia, a qualidade de vida e a sensação de segurança do cidadão médio. A confiança nas instituições e em seus processos é o ponto alto das sociedades democráticas e esse estado de consciência tem um grande inimigo, a corrupção.

A corrupção gera dois grandes problemas para a democracia e esses são a confusão e a diminuição da confiança geral. A confusão criada pela corrupção gira em torno de uma série de setores e conceitos estritamente democráticos, como o mercado e a justiça.

Um mercado atacado pela corrupção não se torna livre e sim distorcido, com monopólios e clientelismo, sendo assim corrompido por um fenômeno que traz escassez, manipula preços, segrega e se distancia cada vez mais do conceito de livre mercado, acabando com as vantagens que essa instituição altamente democrática traz. Uma Justiça corrompida, não julga os poderosos e subjuga os fragilizados.

Ao se deparar com essa realidade, é comum que se encontre quem seja contra o livre mercado, o Estado de direito e a democracia, já que a confusão de conceitos criada pela corrupção afastou muito a experiência dessas pessoas com livre mercado e democracia de verdade.

Essa confusão de conceitos também ajuda a diminuir a confiança das pessoas nas instituições democráticas, como vemos hoje no Brasil. A sensação de que há corrupção na administração pública traz ao cidadão comum a sensação de que não há gestores públicos honestos e competentes, o que sabemos não ser verdade. Brasil afora há uma série de pessoas que estão comprometidas com a gestão pública, são sérias e querem fazer um bom trabalho, mas acabam não tendo a confiança da população e nem as ferramentas necessárias.

A falta de confiança nas instituições tira a credibilidade de ações públicas e fragiliza o Estado democrático de direito, fazendo com que tenhamos cada vez mais problemas para mantermos nossos índices e níveis democráticos o mais positivo possível.

No Brasil já entramos nessa bola de neve, sem confiança nos nossos gestores públicos, o dólar sobe e os investimentos caem, as investigações policiais perdem credibilidade a cada dia e a democracia escorre por entre nossos dedos e ainda há quem diga que tudo isso é culpa do liberalismo e da democracia. Se você não sabe a diferença entre um lobo e um cachorro, pode acabar escolhendo o animal errado para tomar conta das ovelhas e acabar colocando a culpa no cão que nada tinha a ver com isso.