Bolsonaro incentiva celebração a regime que ele jamais presidiria

March 26, 2019

O presidente incentivou a celebração de um regime no qual ele jamais seria presidente. Num governo militar, um capitão nunca daria ordens a um general. Sempre houve trouxas celebrando a ditadura. Nada de novo, a não ser que um deles tem agora uma faixa só por causa da democracia.

Foi golpe. Demorou, mas a democracia foi restaurada. E, como diria Winston Churchill, ela segue a pior forma de governo, com exceção de todas as demais.

Quando ouvirem essas tolices que refutam a ruptura democrática em 1° de abril de 1964 no Brasil, passem os olhos nos registros históricos. Todos os cúmplices do fatídico episódio fizeram questão de registrar tudo. O rompimento democrático houve desde a declaração de presidência vaga com o seu titular em solo nacional até aos sucessivos atos institucionais que retiraram o poder do povo e acabaram com a liberdade de expressão.

E também não havia nenhuma ameaça comunista, argumento dos mentirosos. Havia uma pequena porção de imbecis comunistas que, ao tentarem um regime autocrático pitoresco ao seus modos, serviram de pretexto para os autocratas com farda.

Ainda bem que tivemos gente como Ulysses Guimarães que, entre autocratas de esquerda e autocratas de direita, reconduziu, com vários outros democratas, o Brasil para um Estado Democrático de Direito. Eu celebro isso. A Constituição acima de tudo. As leis acima de todos.

‪Ser liberal político é essencialmente ser defensor da democracia. E não há democracia sem liberdade de expressão, sem eleições livres, sem dirigentes eleitos pelo povo, sem várias fontes de informação, sem cidadania e sem associação. Tudo que não houve no Brasil de 1964 a 1988.‬

Imaginem o senador Davi Alcolumbre declarando vaga a Presidência da República alegando que Jair Bolsonaro não está no Brasil (enquanto ele está) para declarar titular do cargo o deputado Rodrigo Maia. Foi o que aconteceu em 1964. O atual presidente pede a celebração do fato…