Nome social é liberdade para trans, defende associada Livres em mestrado

April 4, 2019

Direitos Humanos

A Associada Livres e terapeuta ocupacional Dionne Freitas é oficialmente mestre pela UFPR! Dionne defendeu nesta terça-feira a dissertação “Identidade de gênero e retificação do nome civil: uma estratégia para o desenvolvimento”.

Nos resultados da dissertação, Dionne apresenta um mapeamento das políticas públicas nacionais voltadas à população transgênero e uma pesquisa de campo que envolveu entrevistas com pessoas trans ligadas à organização não-governamental Marcela Prado, de Curitiba.

Segundo o orientador do trabalho, o grande achado da pesquisa é que a política pública que dá mais autonomia as pessoas trans e mais promove o desenvolvimento da liberdade positiva dessas pessoas é o direito ao nome social. Durante a pesquisa, Dionne, que também é liderança Livres no Paraná, identificou que essa política traz impactos positivos no acesso (e permanência) à educação, ao trabalho e a outros serviços públicos como da saúde.

“Ter direito legal de usar o nome que considera adequado faz com que a pessoa trans permaneça mais tempo na escola e diminua as chances de sofrer violência institucional, seja no acesso a serviços de saúde, segurança, ou mesmo no trabalho”, afirmou Dionne.

Na apresentação do trabalho a pesquisadora ressaltou ainda que a população trans tem uma expectativa de vida de 35 anos, metade da média nacional. E que ela tem maior chance de sofrer violência, assédio, prisão arbitrária e têm dificuldade de acessar serviços públicos básicos como de saúde e educação.

Ao encerrar a apresentação, Dionne salientou que as políticas que garantem o direito à mudança de nome são bastante recentes, que foram conquistadas devido à pressão da sociedade civil e que ainda há um longo caminho para que haja mais respeito e igualdade de direito.

Sobre a obtenção do título de mestra, ela diz que é apenas um pequeno passo, uma porta aberta, para que outras pessoas que tenham uma condição trans ou uma variação de gênero, possam se sentir representados ou buscar seu espaço e ir atrás de suas liberdades e sonhos, como qualquer outro ser humano.

“O mestrado é uma oportunidade de formação acadêmica para as poucas e poucos, principalmente para pessoas trans, que muitas vezes sequer conseguem terminar o ensino médio. O fato de eu ser graduada, ter uma especialização e agora concluir o mestrado é um motivo de orgulho e comemoração para a minha família e para toda uma população que está à margem”, concluiu Dionne.

Conheça mais sobre a Dionne com o perfil dela feito pela revista Marie Claire.