Pequeno Guia Sobre Luís Gama

June 22, 2018

QUEM FOI LUÍS GAMA

Filho de Luíza Mahin, negra livre, e um fidalgo português, o baiano Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu num ambiente político conturbado, na Salvador de 1830. Aos dez anos, Luiz ficou sob a tutela do pai, que o vendeu como escravo para quitar uma dívida de jogo.

Luiz Gama só foi alfabetizado aos 17 anos, por um hóspede na fazenda carioca em que permanecia escravizado. No ano seguinte fugiu para São Paulo, sabendo que sua situação era ilegal, já que Luiza Mahin fora livre.

Já em 1850 tentou frequentar o curso de Direito, mas foi hostilizado, permanecendo no entanto como ouvinte, o que mudaria no futuro a vida de pelo menos 500 negros escravizados.

POR QUE GAMA É RELEVANTE

Uma figura histórica impressionante até mesmo pela própria história de busca pela liberdade, Luiz Gama produziu material jornalístico, literário e abolicionista.

Hoje considerado um grande representante da segunda geração do romantismo brasileiro, o Luiz Gama poeta teve seu único livro publicado, Pimeiras Trovas Burlescas, hostilizado entre acadêmicos da época. A coleção satírica reunia versos irônicos e políticos sobre as contradições éticas, raciais e sociais do Brasil escravocrata e ainda profundamente colonial.

Já o Gama jornalista pode facilmente ser denominado um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Fundou jornais liberais, como o Radical Paulistano, cujo rol de colaboradores conta com Castro Alves, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. Além disso, contribuiu com textos abolicionistas para veículos já estabelecidos. Nos seus artigos usava o próprio conhecimento da lei para expor e denunciar sentenças equivocadas e erros de juízes conservadores e corruptos.

O Gama advogado, entretanto, foi o mais decisivo em matéria não só de combate à escravidão, como de proteção da liberdade do indivíduo. Foi ele quem, nos tribunais, com sua oratória impecável – segundo relatos -, lutou e ganhou a causa da libertação de mais de 500 escravos, sem cobrar nada em solidariedade aos clientes.

“Eu advogo de graça, por dedicação sincera à causa dos desgraçados; não pretendo lucros, não temo represálias”. (Correio Paulistano, 20 de nov. de 1869).

Uma das suas maiores lutas legais foi em defesa dos escravos trazidos até o Brasil após a lei de 1831 contra o tráfico, que era estruturalmente ignorada.

Luiz Gama faleceu em 24 de agosto de 1882, sendo sepultado no Cemitério da Consolação diante de um cortejo de 3 mil pessoas. Na época, São Paulo tinha 40 mil habitantes.

POR ONDE COMEÇAR A LER LUÍS GAMA

A edição de “Com A Palavra: Luiz Gama” reúne poemas, artigos, cartas e escritos diversos do advogado. Apesar de estar fora de linha, algumas livrarias virtuais ainda o tem no catálogo. Você pode encontrar o livro aqui.

Para relatos mais detalhados sobre Gama e trechos de seu próprio punho em cartas e artigos, você pode acessar o artigo de Lígia Fonseca Ferreira.