Manifesto por um debate honesto

March 9, 2018

Quem não lembra da comida sumindo da mesa do jantar em família enquanto uma voz grave atribuía a cena à independência do Banco Central, proposta defendida por Marina Silva, da REDE? Essa era a propaganda do PT. O Brasil assistia a inflação saindo de controle com o desajuste das contas públicas, mas o sensacionalismo e a desonestidade foram desviando o debate das verdadeiras questões em jogo. Essa foi a tônica do processo eleitoral de 2014, vencido por Dilma Rousseff no mais puro e cínico estelionato. O que aprendemos com essa experiência?

Consolidar a democracia é não repetir os mesmos erros do passado. É amadurecer o debate eleitoral para que ele discuta com sinceridade as questões importantes para o futuro do país. Com argumentos e visões de mundo radicalmente diferentes, sim, mas sem manipulação. E sem demonização também. Uma democracia verdadeira passa pela convivência entre os diferentes e pelo reconhecimento da legitimidade do outro. Devemos querer vencer os nossos adversários, sim, mas jamais cair na ideia totalitária de “eliminação do inimigo”.

O processo eleitoral de 2018 está cada vez mais próximo. Infelizmente, já vemos o uso de alguns recursos que abusam da deslealdade.

Além da habitual falta de limites éticos do PT, a família Bolsonaro também já abusa de manipulação: nesta semana Carlos Bolsonaro publicou, em suas redes sociais, um vídeo em que usa um discurso bastante sensato de Geraldo Alckmin sobre respeito a diversidade sexual, mas recheado de imagens de manifestações das alas mais radicais do movimento LGBT que chegam a desrespeitar símbolos religiosos, especialmente cristãos. Uma tentativa clara de usar de sensacionalismo para confundir o público e fazê-lo associar respeito à diversidade com desrespeito à religião. Um desvio do debate verdadeiro.

Por que não debater a sério o assunto do vídeo? Há questões muito importantes para o país nessa. Como, por exemplo, resolver a distorção que abaixa para 35 anos a expectativa de vida de pessoas trans enquanto a média do brasileiro é de 74 anos? No lugar de promover o debate, há uma opção deliberada pela distorção sensacionalista.

Já aprendemos os danos que o uso desse tipo de expediente pode causar no andamento do debate eleitoral. Não podemos repetir o mesmo erro e abrir espaço para um novo estelionato. O Brasil tem questões urgentes a tratar. Devemos nos ocupar delas. Seja qual for a sua visão de mundo. O país precisa de responsabilidade. O país precisa de um debate honesto.