Fátima Bezerra: do populismo à realidade

February 14, 2019

Era final de 2016 quando o governo Temer propôs a criação de uma nova Proposta de Emenda a Constituição (PEC). A medida previa um limite para os gastos públicos, que continuavam subindo bastante e ameaçavam levar o país à falência. A resposta à medida beirou a histeria. Regada a falsas notícias e confusões em todas as instâncias do legislativo brasileiro. No meio disso tudo, a voz de Fátima Bezerra, então senadora pelo PT, era uma das mais ouvidas, denunciando os supostos danos sociais do teto de gastos. Ela e seu grupo tinham, inclusive, adotado e disseminado o carinhoso apelido de “PEC do Fim do Mundo” para o teto de gastos, espalhando todo tipo de fake news sobre a medida.

Agora, vamos avançar no tempo. É começo de 2019 e Fátima Bezerra está começando seu mandato como governadora do Rio Grande do Norte. Discursando na Assembleia do estado, a pedagoga e ex-deputada fez um anúncio inusitado. Durante a fala, cujo principal tema foi a grave situação econômica do Rio Grande do Norte – que enfrenta atraso de salários e de pagamento de fornecedores – a governadora comunicou que seu governo vai implantar nada menos que um teto de gastos no orçamento estadual.

O limite de gastos, que terá vigência de 8 anos, vai funcionar, em linhas gerais, como o teto do governo federal. Saúde, Segurança e Educação não serão afetados – ao contrário do que dizem por aí os críticos, o que atinge essas áreas é na verdade um piso de gastos, determinando o mínimo que pode ser investido no setor.

Aparentemente, Fátima Bezerra teve de sair da bolha do populismo que a protegia no Senado e viu-se diante da realidade calamitosa ao assumir o executivo estadual num país que enfrenta o desafio de reformar seus gastos para não deixar de atender a quem mais precisa com serviços essenciais. Agora, pelo jeito, a Fátima vai abandonar a demagogia e buscar a solução mais prática para o bolso de quem banca os gastos do governo, limitando o crescimento da bola de neve.

Do episódio, fica a lição: dinheiro não nasce em árvore e o governo não pode continuar gastando mais do que arrecada. E uma hora, até mesmo os maiores populistas acabam dando de cara com a realidade.