Quem foi Milton Friedman
Milton Friedman nasceu em 31 de julho de 1912, no bairro do Brooklyn, em Nova York, em uma família de imigrantes judeus da Europa Oriental.
Desde cedo, mostrou grande interesse por matemática e ciências sociais, áreas que marcariam profundamente sua futura carreira como economista.
Durante sua formação acadêmica, Friedman estudou Economia e Matemática na graduação e, posteriormente, obteve seu mestrado pela Universidade de Chicago e seu doutorado pela Universidade Columbia.
Essa sólida base teórica lhe deu ferramentas para se tornar um dos pensadores econômicos mais influentes do século XX.
Trajetória profissional de Milton Friedman
Antes de se dedicar integralmente à vida acadêmica, Milton Friedman acumulou experiências em diferentes áreas:
- Trabalhou no Comitê de Recursos Naturais, em Washington, contribuindo para políticas públicas voltadas à gestão de recursos.
- Atuou no Bureau Nacional de Pesquisa Econômica (NBER), em Nova York, realizando estudos sobre consumo e renda.
- Durante a Segunda Guerra Mundial, teve uma breve passagem pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, onde participou do desenvolvimento de políticas fiscais.
- Lecionou por um ano na Universidade de Wisconsin, antes de retornar à Universidade de Chicago.
Em 1946, Friedman ingressou como professor na Universidade de Chicago, instituição onde permaneceu por grande parte de sua carreira.
Foi nesse período que se consolidou como líder da Escola de Chicago de Economia, influenciando gerações de economistas e formuladores de políticas públicas.
Participação na Sociedade Mont Pèlerin
Milton Friedman foi um dos intelectuais que fundaram a Sociedade Mont Pèlerin, organizada por Friedrich Hayek em 1947.
O grupo reunia economistas e pensadores liberais, como Ludwig von Mises, George Stigler e até mesmo Karl Popper, com o objetivo de defender a liberdade individual, a livre expressão e os princípios de uma sociedade aberta.
A Sociedade Mont Pèlerin se tornou um dos movimentos mais influentes do liberalismo moderno, sendo um espaço de resistência intelectual ao intervencionismo estatal e às tendências autoritárias que marcaram o período pós-Segunda Guerra.
Prêmio Nobel e reconhecimento internacional
Ao longo de sua carreira, Friedman publicou dezenas de livros e artigos, impactando profundamente a teoria econômica.
Em 1976, recebeu o Prêmio Nobel de Economia por suas contribuições à teoria do consumo, à história monetária e à defesa do papel do mercado na regulação econômica.
Seu trabalho consolidou a Escola de Chicago como referência mundial e moldou as bases de políticas econômicas em diversos países, especialmente durante os anos 1980, quando líderes como Ronald Reagan, nos EUA, e Margaret Thatcher, no Reino Unido, aplicaram várias de suas ideias.
Ideias políticas e econômicas de Milton Friedman
Milton Friedman defendia que liberdade econômica e liberdade política são interdependentes.
Para ele, não é possível ter uma democracia plena sem liberdade econômica, pois o controle estatal sobre as relações econômicas concentra poder e abre espaço para a tirania.
“A história mostra que nenhuma sociedade pode ser verdadeiramente livre se não tiver liberdade econômica.”
— Milton Friedman
Entre suas propostas mais conhecidas estão:
- Vouchers escolares: permitindo que famílias escolham a escola de seus filhos, incentivando a concorrência e a qualidade no ensino.
- Descriminalização das drogas: por acreditar que a proibição gera violência e perda de liberdade individual.
- Fim do controle de preços: defendendo que os preços devem ser regulados pelo mercado, e não por decretos governamentais.
- Imposto de renda negativo: uma forma de garantir renda mínima para os mais pobres, sem burocracia estatal excessiva.
Capitalismo e Liberdade: o livro que mudou o pensamento liberal
Em 1962, Friedman publicou "Capitalismo e Liberdade", obra que se tornou um best-seller mundial, traduzido para mais de 18 idiomas.
No livro, ele argumenta que a liberdade econômica é a base das outras liberdades civis, defendendo uma sociedade em que indivíduos tenham autonomia para decidir onde trabalhar, o que consumir e como educar seus filhos.
Friedman critica duramente o intervencionismo estatal, mostrando como políticas governamentais mal planejadas podem gerar:
- Inflação.
- Estagnação econômica.
- Perda de competitividade.
- Redução da liberdade individual.
Essa obra influenciou profundamente gerações de economistas e continua sendo referência no debate sobre políticas públicas e economia de mercado.
Liberdade econômica como barreira contra a tirania
Friedman alertava que, quando poder econômico e poder político se concentram nas mãos do governo, o resultado é perigoso: o Estado pode impor suas vontades, restringindo a liberdade das pessoas.
Sua solução era simples, porém transformadora: dar aos indivíduos o máximo de autonomia possível, respeitando apenas os limites que protegem a liberdade alheia — conceito alinhado ao princípio do dano de John Stuart Mill.
Isso significa que as pessoas devem decidir:
- O que comprar.
- O que consumir ou beber.
- Onde estudar e trabalhar.
Quanto maior a liberdade econômica, maior a capacidade de indivíduos e sociedades prosperarem de forma criativa, inovadora e responsável.
Legado e impacto no mundo contemporâneo
As ideias de Friedman moldaram políticas econômicas em diversos países, influenciando desde programas de privatização até sistemas monetários modernos, como o câmbio flutuante.
Seu pensamento também inspirou reformas na educação, no sistema tributário e na forma como governos lidam com a pobreza e a desigualdade.
Embora suas ideias sejam alvo de debates — especialmente entre críticos que defendem maior intervenção estatal —, Friedman permanece como um dos maiores defensores da liberdade individual na história econômica.
Leituras recomendadas sobre Milton Friedman
- Livro: Capitalismo e Liberdade – obra fundamental para entender suas ideias sobre economia e democracia.
- Livro: Livres para Escolher (Free to Choose), escrito por Milton e Rose Friedman – acompanha série televisiva homônima.
- Artigo em inglês: Investopedia – Milton Friedman.
- Série documental: Free to Choose, disponível no YouTube.
Frases marcantes de Milton Friedman
- “Uma sociedade que coloca a igualdade à frente da liberdade acabará sem igualdade e sem liberdade.”
- “A grande virtude de uma economia de mercado é que ela não se importa com quem são as pessoas.”
- “Somente uma crise — real ou percebida — produz mudanças reais.”
Série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais
Este texto faz parte da série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais, criada pelo Livres.
Nosso objetivo é apresentar, de forma acessível, a vida, as ideias e o impacto de pensadores que transformaram o liberalismo, oferecendo dicas de livros e conteúdos gratuitos para quem deseja se aprofundar.
Milton Friedman continua sendo um símbolo da defesa da liberdade econômica, lembrando que liberdade individual e prosperidade coletiva andam lado a lado.