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Benjamin Constant: o defensor da liberdade individual e dos limites ao poder

Série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais

Quem foi Benjamin Constant

Benjamin Constant, um dos maiores defensores da liberdade na história do liberalismo, nasceu em 25 de outubro de 1767, em Lausanne, Suíça. Sua mãe, Henriette de Chandieu, faleceu uma semana após seu nascimento, deixando-o aos cuidados do pai, Juste Constant de Rebecque, coronel em um regimento suíço a serviço da Holanda.

Desde cedo, Constant mostrou grande talento intelectual. Estudava de oito a dez horas por dia sob a orientação de diversos tutores. Após uma tentativa frustrada de ingresso na Universidade de Oxford por ser muito jovem, ele foi enviado para a Universidade de Erlangen, na Baviera, onde aprendeu alemão — e desenvolveu um gosto arriscado por jogos de azar.

Mais tarde, foi transferido para a Universidade de Edimburgo, conhecida por seu corpo docente composto por grandes defensores da liberdade, como Adam Smith, Adam Ferguson e Dugald Stewart. Durante esse período, Benjamin Constant se aprofundou em história, filosofia e literatura clássica. Aos 18 anos, já dominava três línguas e havia tido contato com algumas das ideias mais avançadas de seu tempo.

Benjamin Constant e sua defesa da liberdade


Segundo o filósofo Isaiah Berlin, Benjamin Constant foi “o mais eloquente entre todos os defensores da liberdade e da privacidade”. Sua principal preocupação era limitar a concentração de poder, acreditando que autoridade ilimitada inevitavelmente leva ao abuso e à tirania.

Ele descreveu como o coletivismo e o centralismo governamental poderiam sufocar a diversidade e a autonomia local. Para Constant, governos que tentam uniformizar sociedades acabam esmagando tradições, interesses regionais e a liberdade individual.

Em suas palavras:

“Os conquistadores primitivos se satisfaziam com a submissão física; eles não se intrometiam nas vidas privadas ou nos costumes locais de suas vítimas.

Já os conquistadores modernos querem uniformidade absoluta, esmagando qualquer forma de resistência.”

Além disso, Constant condenava a guerra, chamando-a de “o maior erro que um governo pode cometer”, pois destrói garantias sociais, ameaça a liberdade e legitima tiranias internas e externas.

Benjamin Constant e os princípios políticos liberais

Em sua obra Principes de Politique (Princípios de Política), Benjamin Constant defende que os cidadãos possuem direitos individuais que existem independentemente de qualquer autoridade política ou social.

Esses direitos incluem:

  • Liberdade individual
  • Liberdade religiosa
  • Liberdade de expressão e opinião
  • Direito à propriedade
  • Proteção contra o poder arbitrário

Constant argumentava que qualquer governo que viole esses direitos se torna ilegítimo, e enfatizava a importância de limitar o poder governamental, mesmo que dividido entre diferentes instituições.

“Se a soma dos poderes políticos for ilimitada, basta que se forme uma coalizão entre eles para que surja o despotismo”, escreveu.

Essa visão influenciou profundamente a política liberal e continua sendo uma base para a defesa de democracias constitucionais.

Benjamin Constant e o contexto histórico pós-Napoleão

Benjamin Constant viveu em uma época marcada pelas Guerras Napoleônicas. Após a derrota de Napoleão em Waterloo, em 1815, e a restauração da monarquia francesa com Luís XVIII, Constant optou por permanecer na França.

Ele se estabilizou com sua esposa, Charlotte, e continuou defendendo suas ideias de liberdade e limitação do poder em meio a um cenário político volátil. Sua atuação como intelectual e político foi crucial para consolidar o pensamento liberal na Europa.

Legado de Benjamin Constant

Mesmo após sua morte, as ideias de Benjamin Constant permaneceram influentes. Durante o século XIX, porém, o coletivismo começou a ganhar popularidade, e muitos passaram a associá-lo mais à literatura romântica francesa, especialmente por sua famosa obra ficcional Adolphe, do que à filosofia política.

Somente no século XX sua importância como teórico liberal voltou a ser amplamente reconhecida, especialmente graças a estudiosos como Isaiah Berlin, que resgataram sua defesa apaixonada da liberdade individual e dos limites ao poder do Estado.

Saiba mais sobre Benjamin Constant

Para conhecer melhor a vida e o pensamento de Benjamin Constant, vale buscar edições comentadas de suas obras, como as publicadas pelo jornalista liberal francês Edward Laboulaye em 1861.

Entre as biografias, destaca-se a obra clássica de Elizabeth Schermerhorn (1924), considerada até hoje uma das mais completas em língua inglesa.

Série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais

Este texto faz parte da série Pequenos Guias Sobre Grandes Liberais, produzida pelo Livres. A série apresenta, em poucos minutos de leitura, a trajetória, as ideias e o impacto de grandes pensadores liberais, oferecendo dicas de livros e conteúdos complementares para quem deseja se aprofundar no tema.

Nosso objetivo é inspirar e educar, mostrando como os princípios liberais continuam sendo essenciais para enfrentar os desafios do presente e construir uma sociedade mais livre e justa.

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