A importância do desenvolvimento da criança na primeira infância

June 7, 2022

Educação

A primeira infância, período que vai da concepção até os 6 anos de idade, é considerada uma janela de oportunidades crucial para a saúde, aprendizado, desenvolvimento e bem-estar social e emocional das crianças. Os três primeiros anos de vida (incluindo a vida intrauterina) são determinantes para o desenvolvimento emocional e cognitivo de uma pessoa. De acordo com estudos neurocientíficos, o cérebro das crianças passa por uma intensa fase de amadurecimento entre a gestação e os 2 anos, que resulta em uma grande capacidade de absorção de informações do ambiente. Por isso, é preciso muito cuidado com os estímulos nessa fase (especialmente traumas e situações negativas). Nesse período, o desenvolvimento cerebral ocorre em uma velocidade incrível: as células cerebrais podem fazer até 1.000.000 de novas conexões neuronais a cada segundo – uma velocidade única na vida.

Essas conexões formam a base das estruturas que dão sustentação à aprendizagem ao longo da vida. É quando aprendemos as habilidades emocionais, cognitivas e sociais, e desenvolvemos nossa capacidade intelectual, aptidões e competências com maior facilidade. Por isso, é tão fundamental que nessa fase as crianças estejam em um ambiente estimulante e acolhedor, com cuidado, afeto, carinho e interações frequentes com os adultos importantes para a criança. A falta de atenção integral – que inclui acesso à saúde, nutrição adequada, estímulos, amor e proteção contra o estresse e a violência – pode impedir o desenvolvimento dessas estruturas cerebrais. Até os 4 anos, a criança tem um amplo desenvolvimento da linguagem, que se apresenta de forma simbólica – ou seja, não falada – desde bebê, e que terá uma relação direta com o desenvolvimento da inteligência. A linguagem humaniza, e por meio dela, as crianças expressam sentimentos, constroem pensamentos, interagem com o ambiente e com outros indivíduos. Dominar o código linguístico é fundamental para a execução de tarefas rotineiras e para ter um bom aproveitamento no mundo acadêmico e profissional no futuro.

No período posterior, que vai dos 4 aos 6 anos, por outro lado, a criança possui maior autonomia. Isso quer dizer que, além de conseguir se expressar, ela consegue desenvolver diversas atividades sozinha, como brincadeiras relacionadas às práticas esportivas. Nessa fase, a cognição – ou seja, a busca de conhecimento sobre o mundo – já é mais complexa. Por exemplo, a partir dos 5 anos, a criança já pode ser estimulada a seguir rotinas. Há uma relação estreita entre cuidado, atenção e aprendizagem durante os primeiros anos de vida. É como o alicerce de uma construção: quanto mais robusto e bem fundamentado, mais peso e altura ele aguentará. Da mesma maneira, a qualidade dos vínculos que a criança estabelece com familiares, cuidadores, educadores e ambientes construirá a base sobre a qual um complexo processo de conhecimento do mundo se erguerá. Assim, a educação é parte do conjunto de iniciativas que devem amparar a criança na primeira infância. É parte porque toda atividade para essa faixa etária deve ser planejada interinstitucionalmente, isto é: deve envolver diferentes áreas, como a saúde, a educação, a assistência social, a cultura, entre outros.

Todas devem estar bem entrelaçadas, para que o olhar sobre a criança seja global e ela se desenvolva plenamente. No caso da educação, diversas pesquisas mostram que uma creche de qualidade tem efeito positivo ao longo da trajetória educacional de uma pessoa; por outro lado, uma creche que não ofereça o básico, pode causar o efeito inverso. Evidências revelam ainda que as atividades adequadas nessa idade impactam no desenvolvimento cognitivo, linguístico e socioemocional das crianças, aspectos fundamentais para o aprendizado na escola e o futuro profissional.

Referências: 

https://www.unicef.org/brazil

https://todospelaeducacao.org.br/

https://blog.saseducacao.com.br/desenvolvimento-infantil/